sábado, 13 de dezembro de 2008

Implorando pelas respostas daquelas perguntas que ela não foi capaz de formular.

Intercepte esse coração vadio. Impeça-me. Antes que eu comece a escrever, me pegue no colo e me faça um carinho desavisado que eu juro esquecer ter implorado por ele, Mas aja, antes que minha mão encontre a caneta que, já falhando, encontre o caderno que, por costume, receba palavras tolas que, por descaso, irão se perder. Antes da tragédia anunciada, antes que eu me despetale, antes que eu me vire do avesso, me segure firme, se for preciso me amarre, mas, por favor, não deixe mais que eu me derrame em letras, não quero mais que ele me beba em versos...

4 comentários:

Anônimo disse...

Te acarinho na nuca, te embaralhos os cabelos, te beijo na testa, te lambo na língua, te afobo na alma, te olho no fundo.

J.

Mariana Stolze disse...

ENTREATO

Ontem não te vi.
Após muito tempo.
Ontem não te vi.
E acordei como quem levanta de um susto, de amnésia, de um sono de 42 anos. Acordei assustada. O céu estava branco e eu não sabia onde estava.
Mas lembrei.
E lembrei que ontem não te vi.
Tudo numa fração de segundo.
Ontem não te vi.















Mas sonhei com você durante treze horas.

Mariana Stolze disse...

ATO PRIMEIRO

Queria ter em mim respostas fortes que te acalmassem. Respostas densas, respostas rígidas, respostas certas, certeiras, como flechas, como passos, como pontos finais. Queria que os meus braços soubessem conversar contigo num silêncio tão leve que te bastasse. Queria cessar a inquietação com um sopro e um sorriso, com umas palavras sopradas. Mas como? Se toda essa vontade furiosa de saber e fazer e olhar e se dar e querer e ter e nunca parar é o que te faz tão viva, tão mais brilhante que tudo? Como? Se querer parar esse coração é o mesmo que querer parar uma correnteza; se é pedir que o furacão não destrua, não turbine, não enlouqueça? É como querer que o pensador não tenha idéias, como impedir que o idealista sonhe, que o apaixonado queira bem... Não há como amarrar o seu corpo, a sua alma, a sua mente, o seu sangue. Você flui. Você é toda correnteza, toda água, toda rio. O seu mar não tem destino, não tem rota. Não tem cartomante que decifre. A sua vida palpita. O seu mundo palpita, vibra, gira, confunde a visão. Você é toda palavra, toda silêncio. Universo.


E não há quem possa parar.

Faço paisagens com o que sinto. disse...

Versos mudos escritos pelo olhar...eis a solução!!