domingo, 13 de maio de 2012

Ela chove, inteira.
Se escorre da alma para os olhos enquanto alimenta de dúvidas o nó na garganta.
A ansiedade roeu suas unhas.
O medo lhe tirou o sono.
Paladar amargo.
As palavras que ela cala não têm para onde ir e se abrigam no coração.
A névoa a invadiu por dentro.
Cinza.
Ela está nublada, 
                          relampejando. 

sábado, 14 de abril de 2012

Carmim

São os passos na escada.
Sobressalto.
Confusão.
Do que foi, só resta a mancha.
Do que amou, só resta a taça, em cacos, no chão.
Crava as unhas.
Mais um gole.
(Rodopio. Gargalhada. Deboche.
Choro mudo. Engolido. Escondido. Proibido.)
O sim que finda a noite.
O gemido que amanhece o dia.
Se cala.
Retoca a maquiagem.

É de canela o chiclete que ela masca, no ônibus, voltando pra casa.




quinta-feira, 12 de abril de 2012

E o que eu deixei escapar?

Não quero na boca esse gosto de ontem, de cerveja morna, de amor frio.
Não quero no corpo essa falta de marcas.
Não quero na vida essa falta de escolhas.
Queria querer e ter entre as mãos.
Queria não querer, ver partir e sorrir.
Os desejos se grudam ao corpo.
O corpo é só volúpia.
Não faz sentido.
Não mais.
Ou faz?

terça-feira, 27 de março de 2012

Pé ante pé ela caminha. Sobressaltada. Roendo as unhas. Com o olhar vidrado nas coisas do mundo.

Como quem descobre o mundo, ela caminha. Ofegante. Rindo de canto de boca. Diante de tudo, se derretendo inteira.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fico pensando se eu suportaria... Se eu criasse coragem e virasse tudo do avesso, eu suportaria levar a vida que quero levar? Se eu pintasse meu mundo e minha boca de vermelho, de que cor seria a minha alma? Pra que lado olhar quando tem um anjo soprando palavras infernais no seu ouvido? Eu quero o impossível, eu quero a corda bamba eu quero o agora, dá pra ser?