domingo, 7 de novembro de 2010

Receita de felicidade

Corte os pulsos e deixe o sangue escorrer no papel, deixe as lágrimas encharcarem a escrita, deixe que se perca tudo aquilo que outrora fosse.
Faça um tratamento de choque, jogue fora tudo o que resta de você, recomece.
Vomite teus sonhos!
Circunscreva-te, trace seus limites, só para ter o prazer de ultrapassa-los.
Organize seus pensamentos em dodecassílabos perfeitos, depois corte as palavras e reorganize de maneira aleatória. Ali estará a sua essência.
Faça uma sopa de letrinhas de você, depois tome.
Embaralhe-se!
Viva, quiçá enlouqueça.
Esteja você em cada instante, mas não se esqueça de ser vários.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sonho...

Teu sim e teu não se confundem em um afago em meu corpo já entregue. Não existe caminho de volta... Eu não quero nada além de uma noite a mais, e a próxima, ou talvez mais uma, ou mil, só as suficientes para saciar essa fome. Não por isso quero te chamar de meu, não é esse o final dessa história, e isso nem uma história é, são apenas corpos. Um sonho, nada mais que um sonho...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

não concretices

Eu tenho coisas embaralhadas dentro de mim. Sou a dama de copas que se perdeu do baralho. E na qual todo o baralho de perdeu. Jogo um jogo perigoso. Um jogo de azar comigo mesma. Se eu ganhar, quem perde sou eu. Há um labirinto, um caleidoscópio, "um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê." um tudoissojuntosemisturado que eu preciso vomitar. Eu preciso. Preciso. É isso!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eu quero.

Eu quero canções que falem de paixão e de gim. Eu quero um amor no qual eu me encaixe, que me olhe e veja uma mulher bem melhor do que sou. Eu quero noite e noites em esquinas, quero beber a madrugada, só dormir no alvorecer. Eu quero ser do mundo e também de um homem só. Eu quero poder querer, desmedidamente. Eu quero realizar também. Eu quero unhas negras. Eu quero cantar, e quero gritar também, mas não deixo de querer silencio. Eu quero... viver...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Era uma vez uma estrada, iluminada apenas por faróis tímidos. Pouco se via do que vinha a frente, mas a fé era enorme. A estrada, para desespero da menina que a percorria, foi se tornando cada vez mais sombria. Havia arvores com galhos que pareciam ameaçá-la, havia gatos pretos cruzando o caminho e um monte, mas um monte mesmo, de placas apontando as direções erradas.
A menina sabe que já caminhou um bocado, ela sabe disso porque suas pernas doem, porque ela se sente cansada, porém não há nada na estrada que indique quanto ainda falta caminhar. Ela pensa em voltar, esse caminho ao menos já é conhecido, mas a mesma falta de coragem que lhe impede de seguir em frente lhe impede também de dar meia volta. E a menina está parada, enguiçada, empacada na estrada. Ela sente medo e frio. Ela não sabe mais nem porque estava caminhando. Ela perdeu a fé.