sábado, 31 de janeiro de 2009

Misturando histórias


Ainda com remela, nos olhos e na alma, tateio o colchão a procura dele depois de mais uma noite quase em claro - reconhecendo os velhos truques, vendo passo a passo ele me dominar, me colocando em Matte, sempre facilitando o Check no fim das contas ( é com isso que ele goza, e goza tanto o espírito que o corpo dispensa o gozo) - percebo que o lugar dele, ainda quente na cama, está vazio e eu, ainda de olhos fechados, deitada na mesma cama, estou (também) vazia. O meu vazio se encontra com o vazio deixado por ele, eles se reconhecem e se cumprimentam. A sensação daqueles braços me envolvendo, cessou. Sentimento presente conjugado em tempo passado: pensou, sussurrou, tocou, beijou, abraçou, amou. E quando tudo parecia eterno, quando o destino parecia traçado e as certezas brotavam naturais como os sorrisos, as malas, jamais desfeitas, cruzaram a soleira da porta e o sonho acabou.

5 comentários:

.parambolicalalande. disse...

tudo passa.. seja o vazio, a tristeza e até mesmo a alegria extrema...

Davi Palmeira disse...

Acabou...As vezes precisamos de um ponto final!

Faço paisagens com o que sinto. disse...

Pela experiencia de ter vivido, mesmo tendo passado, e com isso aprendido, já se pode dizer que VALEU A PENA.

Mariana Stolze disse...

Tenho vontade de ler um livro inteiro disso. Espero que essas palavras se multipliquem. Espero que elas se proliferem. Se alastrem. Invadindo os cantos dos livros. Invadindo os cantos dos pensamentos. Invadindo as bordas do mundo todo.
Às vezes penso que mesmo que você transborde sobre tudo, ainda vai restar tanto por dentro, que poderia explodir mais uma centena de vezes.
Espero que um dia todos possam ser avassaladoramente contaminados por essas palavras, assim como eu tive o prazer de ser um dia.

Marcelo Baère disse...

essa estoria do vazio comprimentando o vazio me lembrou da estoria da sombra do peter pan, contra kem ele vivia se degladiando e tentando apanhar, mas sempre fogia...

não sei, mas lembrei...