quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Páginas amareladas

Por falta de costume, ou talvez pelo esquecimento de como é, realmente, sentir o coração acelerado, encaro a velha novidade com uma infindavel angustia e me arrependo de cada momento que senti falta desse sentimento. Como uma descrente afirmo que essa ressaca sem alcool é bobagem, e que não entendo como os seres se inebriam dessa forma. E afirmo isso totalmente inebriada...


09/09/07

3 comentários:

Mariana Stolze disse...

Maldita coisa invisível ingrata. Estúpida coisa. E invisível! Como se não bastasse, parece que nunca nos basta. E não é coisa alguma. Porque ela nem existe. E aí as músicas nos trazem, os cheiros nos trazem, os retratos velhos de outras pessoas nos trazem... E nem há o que! Coisa injusta.
E não é com todo o mundo. Algo como perseguição. Pouquíssimos escolhidos podem sentir. Meio que nasce junto. E é uma camada fina por dentro, colada.

Capacidade estranha de amar, sem nem exatamente sentir amor.

E quando a pessoa chega (finalmente!), encontra um turbilhão pela frente. E é sugada. Tudo agora se divide em pedacinhos e se junta a muitas coisas. E a pessoa fica confusa... confusa... e seus pés vão ficando menores, menores... até que desaparecem do caminho.

E assim acontece. E acontece. E acontece.

Porque é extremamente injusto.

Mas eu descobri que é tudo parte da maldição.
Sim.
Os sentimentos não gostam de ser invisíveis.
E se você assim os sente...
Saiba que quando o seu amor chegar, cedo ou tarde ele será igualmente... invisível.

Mariana Stolze disse...

Mas felizmente pra você, que é a pessoa mais linda do mundo, alguém decifrou certa vez:

Mariana Stolze disse...

Autopsicografia

Fernando Pessoa


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

27/11/1930